Vitoria da personalidade
A vitória em Alvalade vale muito mais do que três pontos. Em apenas dois meses, Francesco Farioli devolveu ao FC Porto algo que não se compra: personalidade.
O jogo começou com um sinal de identidade, a bicicleta de Sainz aos 15 segundos mostrou que a equipa trabalha as bolas paradas, e terminou como tinha de terminar: com o Porto a sair de cabeça levantada do estádio do bicampeão. Pelo meio, houve nervo, crescimento… e uma lição para dentro do balneário.
Primeira parte: Porto com coragem em Alvalade
Na 1.ª parte, o Sporting CP teve mais posse de bola, mas foi o FC Porto quem criou o perigo mais claro. Ao intervalo o marcador estava 0-0, mas a pressão alta, a coragem em jogar subido e a forma como os dragões desarmavam cada saída leonina mostraram que havia plano, trabalho e identidade.

Segunda parte: Farioli mexe e o jogo vira
O segundo tempo trouxe dificuldades. O meio-campo portista fraquejou durante alguns minutos e o jogo começou a pender para os da casa. Foi aí que Farioli leu o jogo: lançou Rosario e Zaidu aos 58’ e mudou o rumo da partida.
Dois minutos depois, De Jong gelou Alvalade aos 61’, mostrando instinto de ponta-de-lança. Três minutos mais tarde, William Gomes assinou um golaço aos 64’, numa jogada iniciada por Froholdt. Dois golpes secos: 0-2 para o Porto e controlo emocional… ou devia ter sido.
A lição da noite: foco até ao fim
Depois do 0-2, alguns jogadores caíram na tentação de relaxar. Risos, descontração… e em 15 segundos surgiu um autogolo que reabriu o jogo. Foi o lembrete cruel de que, no futebol como na vida, a distração paga-se caro.
Em campo, até soar o apito final, exige-se seriedade máxima. Uma lição que o Porto tem de carregar para o resto da época.
Figuras do jogo: William e Froholdt
William Gomes: melhor em campo, decidiu o jogo com um golo de antologia e ainda participou no lance do 0-1.
Froholdt: o metrónomo da equipa. Discreto para quem só vê highlights, mas essencial: equilibrou, serviu a assistência para o 0-2 e travou transições perigosas.
As vitórias têm sempre vários pais — e esta não foi exceção.
O ponto a rever: saída de bola arriscada
Há, no entanto, um reparo que não pode ser ignorado: a insistência nos passinhos curtos na saída de bola. A ideia é atrair o adversário para depois sair rápido, mas sem concentração pode transformar-se em desastre. Hoje não custou caro, amanhã pode.
Com tanto a nascer bem nesta equipa, não faz sentido oferecer golos de mão beijada.

O Porto de Farioli já mostra identidade
Mesmo com as quebras físicas na segunda parte, um problema que ainda precisa de ser afinado, o FC Porto mostrou ser uma equipa grande nos momentos decisivos. Pressionou quando tinha de pressionar, soube sofrer quando foi necessário.
É dessa mistura entre mandar e aguentar que nascem as equipas sérias, aquelas que deixam marca.
Conclusão: estamos no caminho certo
De Alvalade levo duas certezas:
O Porto já tem identidade. Em dois meses, Farioli devolveu coragem, pressão alta e alma competitiva.
O maior adversário somos nós próprios. Se eliminarmos distrações, afinarmos a defesa e gerirmos melhor o esforço, este Dragão pode tornar-se imparável.
Isto é jogar à Porto.
E é para continuar.
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