Revista à Lupa #1 – Edição 464 (Julho 2025)

Apresentação Oficial da Rubrica

Revista à Lupa é o espaço onde o BestOfFutebol pega na Revista Dragões e a analisa com olhos de quem vive o FC Porto no osso.

Aqui não há leitura passiva nem aceitação cega, cada página é posta sob a lupa portista, elogiando o que merece ser celebrado e questionando o que soa a propaganda ou omissão.

É o Porto visto no papel, mas comentado com a frontalidade, paixão e exigência que nos define.

Introdução Especial – Edição de Estreia (Revista Dragões nº 464)

Saiu mais uma edição da Revista Dragões e, desta vez, a lupa está mais afiada do que nunca, afinal, é a estreia desta rubrica no BestOfFutebol.

Aqui, não vamos folhear para sorrir, vamos folhear para perceber. Vamos separar o conteúdo com valor daquilo que só serve para encher páginas, desmontar mensagens oficiais e dar voz ao que muitos portistas pensam mas raramente leem nas publicações do clube.

E não poderia haver estreia mais marcante: esta edição chega tingida de dor, com a partida prematura de Jorge Costa. É por aí que começamos.”

O Choque e a Dor: A Partida Prematura do Nosso Líder

A revista abre com o inevitável: a notícia da morte de Jorge Costa, vítima de uma paragem cardiorrespiratória no Olival, logo após uma reunião de trabalho e uma entrevista. Imaginem só, ele partiu a servir o clube que amava, no coração do nosso futebol. Como tripeiro, senti um murro no estômago ao ler isto. Jorge não era só um jogador, era um de nós. Nascido no Porto, no Bairro da Pasteleira, formado nas nossas escolas, ele personificava o espírito portista: garra, resiliência e uma paixão inabalável.

A revista capta isso na perfeição, recordando a sua trajetória desde os juvenis até ao Penta, passando pelos empréstimos ao Penafiel e Marítimo que o moldaram como homem e jogador.

Lembro-me bem daqueles domingos nas Antas, a ver o Jaime Magalhães e o João Pinto, e agora ler que o Jorge sonhava em partilhar o balneário com eles… É arrepiante. Ele herdou a braçadeira de capitão do João Pinto em 1997/98 e elevou-a a outro nível. Oito campeonatos, cinco Taças de Portugal, uma Taça UEFA em Sevilha, a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen e a Intercontinental em Yokohama – 21 troféus no total!

Mas os números não contam metade da história. O Jorge era, como diz a revista, “um símbolo do espírito portista”. Partiu cedo, mas o seu legado? Esse é imortal.

Jorge Costa, capitão do FC Porto, na capa da Revista Dragões de 1994 com o título A Muralha de Aço

Momentos Icónicos: Do Restelo ao Penta, Liderança Pura

Uma das partes que mais me emocionou foi o foco nos episódios que definiram o Jorge como líder. Lembram-se daquela noite no Restelo, em janeiro de 2003? O FC Porto perdia ao intervalo contra o Belenenses, e o capitão “rebentou” no balneário. Fechou a porta, falou olhos nos olhos e ameaçou acabar a carreira se não virássemos o jogo. Resultado? Dois golos dele, vitória por 3-1 e o caminho aberto para o triplete (campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA). Mourinho resumiu bem: “Era um capitão e um líder. Há uma grande diferença entre os dois.

Este episódio é mais do que uma memória, é um manifesto do que significa ser capitão do FC Porto.

No nosso clube, a braçadeira não é adereço: é responsabilidade, é coragem, é transformar palavras em ação dentro de campo.

A revista também resgata uma entrevista antiga, de novembro de 1994, quando Jorge, aos 23 anos, lutava por espaço ao lado de Aloísio e Zé Carlos. “Não trocava esta vida por nenhuma outra”, disse.

Cumpriu. Viveu para o Porto, saiu contra vontade para o Charlton em 2001, mas voltou para conquistar tudo. Reviver o Penta de 1999, com Vítor Baía de regresso e Jardel a marcar 36 golos, é recordar que Jorge foi um dos seis pentacampeões, ele, Aloísio, Paulinho Santos, Rui Barros, Drulović e Folha. Que equipa, carago!

E as imagens? A capa de 1994, o Dragão de Ouro em 1997, a Supertaça de 2001… São pedaços de história que hoje nos fazem chorar e sorrir ao mesmo tempo.

O Número 2: Código Moral e Legado

“O 2 nunca será apenas um número.” Esta frase que abre a revista é mais do que título: é uma declaração de identidade. O dorsal de Jorge Costa não era só tecido com tinta branca, era um código moral. Quem vestia a camisola 2 sabia que não podia entrar a meio-gás. Era sinónimo de compromisso, postura e entrega total.

Nestes dias falou-se em retirar o número. Admito: no calor da emoção também pensei nisso. Mas, com o tempo, comecei a duvidar. O que homenageia mais o Bicho? Retirar a camisola ou deixá-la para ser conquistada, com suor e honra, por quem provar merecê-la? Jorge iria querer ser lembrado como uma relíquia intocável ou como um padrão a ser seguido?

No FC Porto, a camisola 2 será sempre medida pela bitola de Jorge Costa e João Pinto. Quem a vestir no futuro tem de sentir o peso do legado, e essa é, talvez, a maior homenagem possível.

Não sei se existem respostas certas. O que sei é que, qualquer que seja a decisão, a camisola 2 já está gravada na história – e no coração – de todos nós.

André Villas-Boas, presidente do FC Porto, partilha a sua visão no artigo A Visão do Presidente

A Visão do Presidente e a Força do Novo Ciclo

O artigo do nosso presidente, André Villas-Boas, é um murro de emoção. Ele chama o Jorge de “amigo exigente” que nunca desistia e que metia o corpo à luta pelo clube. Recorda como abandonou uma carreira de treinador para voltar como diretor em 2024, sempre ao serviço do Porto.

Mas há aqui um detalhe que me marcou: AVB escreveu como adepto, não como burocrata. Essa energia é ouro. Um presidente que sente o clube como nós aproxima-se do exemplo de Jorge Costa, liderança com paixão. E essa paixão não é só emoção, é também política desportiva.

Villas-Boas aproveita a homenagem para reforçar o que está a construir: escolhas dentro da capacidade financeira, foco na integração e compromisso, agradecimento aos sócios pelo recorde nos lugares anuais. E reforça que Honrar Jorge não é só tatuar o número 2, é preparar o clube para vencer com identidade e sustentabilidade.

E é aqui que entra a subtileza: mais do que uma mensagem para fora, foi um recado para dentro. Usando a vida e o carácter de Jorge Costa como espelho, AVB falou ao núcleo duro do clube e à massa que entende os mecanismos portistas. Não foram palavras de circunstância, foram palavras de alicerce. A dor serviu de ponto de união, mas também de reafirmação de rumo. E é isso que distingue um presidente com alma de um gestor de secretaria.

Reconhecimento Que Ultrapassa as Cores

As condolências impressionam. De Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro a Gianni Infantino, de rivais como o Benfica a clubes onde passou como jogador, como o Charlton. Treinadores como Carlos Queiroz, António Oliveira e Vítor Pereira elogiaram o carácter. Jogadores como André Castro (“Foste o meu Pai no Futebol”) e Zé Pedro partilharam histórias pessoais. Até federações de outros desportos, como o Judo, prestaram homenagem.

O que fica claro é que Jorge transcendia o futebol. Quando até os rivais e instituições internacionais curvam a cabeça, percebemos que não era só um capitão, era uma referência humana, um exemplo de coragem, lealdade e respeito.

E no Dragão, a homenagem foi à altura: coreografia com o nome e o número 2, minuto de silêncio, camisolas com números elevados ao quadrado, símbolo de entrega amplificada. A vitória por 3-0 sobre o Vitória, com golos de Pepê e Samu, foi mais do que três pontos: foi uma demonstração de união.

Jorge Costa, capitão do FC Porto, em vários momentos da sua carreira com a camisola 2 e a Taça UEFA

Reflexão de um Tripeiro: O Padrão FC Porto

Ler esta revista foi como folhear o álbum de família do FC Porto. Jorge Costa não era perfeito, mas era autêntico: duro, agressivo mas leal. “Vivo para este clube, do FC Porto nunca quero sair”

E, no fundo, nunca saiu. Está no nosso hino, nas nossas vitórias, no nosso orgulho tripeiro.

E aqui fica o ponto mais importante: Jorge Costa não é só memória, é padrão. O padrão FC Porto é este, transformar dificuldades em combustível, jogar pelo coletivo, impor respeito sem trair a lealdade. Cabe-nos a nós honrar esse legado, apoiar o novo ciclo com Francesco Farioli e lutar por cada bola como o “Bicho” nos ensinou.

Jorge, descansa em paz, capitão. O teu coração azul será sempre o nosso. Viva o FC Porto! 💙🐉

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Ricardo Amorim

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