Um regresso inevitável
Há regressos que não se planeiam, acontecem porque têm de acontecer. O meu regresso não nasceu da revolta, nasceu da alegria. Voltei porque o Porto voltou. Porque o Porto regressou aos básicos que sempre defendi: o trabalho de formiguinha, a atenção ao detalhe, a organização silenciosa que sempre foi a base do nosso sucesso.
O meu coração encheu-se de tal forma que já não cabia apenas em grupos de WhatsApp ou em conversas entre amigos. Eu precisava de escrever, de explodir com os dedos para a nação portista. Precisava de falar para aqueles que ainda estão atordoados ou em luto, para lhes dizer que há um grande Porto em construção.
A confissão inesperada
E faço aqui uma confissão. Eu próprio acreditei, e até escrevi diversas vezes, que qualquer sucessor de Pinto da Costa estaria condenado ao fracasso. Não por falta de valor pessoal, mas porque a história quase sempre mostrou o mesmo: sucessões longas, poder perpetuado, cobranças impossíveis, comparações injustas, invejas e corridas ao trono. Tudo apontava para um destino traçado.
Mas afinal enganei-me. E como gosto de errar quando isso significa aprender, assumo-o com gosto: parece que errei. Felizmente. Porque errar aqui é sinal de que o Porto renasceu.
O compromisso de sempre
Por isso voltei. Voltei com energia, com coerência, com justiça. Como sempre fiz, não me limito a criticar nem a aplaudir por reflexo. Sempre elogiei o que de bom foi feito, e continuo a fazê-lo. Mas isso nunca me impediu, nem vai impedir, de separar as águas e apontar o que, na minha opinião, não está bem.
É esse o compromisso que todos os leitores podem esperar de mim: análise fundamentada, sem filtros nem favores. O Porto não precisa de narrativas nem de bajuladores; precisa de portistas atentos, exigentes e verdadeiros — capazes de criticar quando é preciso e de reconhecer quando se trabalha bem.
Este regresso é isso mesmo: a confirmação de que continuo a acreditar que a exigência é a alma do FC Porto. E que, se o Porto voltou a ser Porto, eu tinha de voltar a ser BOF.
(Pensar Porto é o nosso compromisso)